Do Gênesis ao Apocalipse



Essa história começou a muito tempo atrás, mas ainda sim é tempo suficiente para poder lembrar, ou em outras palavras mais bem colocadas “ tempo suficiente para não ser esquecida”. Pode parecer rápida se lida momentaneamente, mas os fatos narrados são tão intensos quanto poderiam ser , se compararmos o espaço de tempo. Existem muitas explicações ilógicas do modo pelo qual nasce ( e morre) o amor entre duas pessoas, mas, esse não é um deles. É até bem fácil de entender.

No começo não havia nada, bom, no começo nem sempre há, mas as vezes tem, a nossa visão só precisar ser “clareada”, e assim mesmo acontece, é uma centelha mágica, é no impulso, no instinto, na troca de olhar, é naquela hora que o coração bate mais forte, é quando o rosto arde, quando a visão ofusca... e depois fica bem nítido. Faça-se a luz! E então podemos ver toda a beleza do mundo que antes não víamos.

Quem disse que o segundo dia não é igualmente lindo? Um passeio pra depois das 8, ou uma caminhada ao pôr do sol... Ver a lua e as estrelas, admirar o mar. Digo  que não há beleza maior que a  simplicidade.

Passam, um dia, dois, três. Aprendemos um pouco do muito que há para saber, pisamos numa terra desconhecida, mas que vamos no incentivo do outro, descobrimos os gostos, os sabores, os prazeres, arriscamos uma surpresa para testar nosso instinto, investimos na conquista e aos poucos nossa intimidade é construída. É fascinante o nosso caminhar. É olhar para nossa vida por vezes tão mesquinha e suspirarmos: isso é bom! É pararmos no fim da noite para curtir essa anestesia presencial e agradecer:” Obrigado a você aí em cima”.

Não esperamos uma semana pra consumar o nosso desejo, já descobrimos o que provoca o outro, os bons gostos, e um lugarzinho especial onde tocar. É depois do quarto, quinto e sexto dia que percebemos o quão bom é estar junto,  O quão bom é não ser uma pessoa só, é quando chega a companhia, é quando vira companheiro(a).

Mas nem tudo são flores e sabores, pra todo bem existe um mal, pra todo prazer existe uma nova tentação, é difícil, as vezes a metáfora se aplica de diversas formas, mas não existem versos poéticos que curem um vacilo da gente. Vai um, dois, três. É aquele mal estar, é aquele peso, é aquela vergonha... Nosso amor foi sendo construído, mas vai acabando..


Não importa quanto tempo dure, ninguém presta atenção nos detalhezinhos da caminhada, ninguém nota o conserto das suas falhas. E não há marketing melhor que fim de relacionamento, é quando surgem as especulações, é uma guerra em que se escolhe um lado. Nem todo fim de namoro é grito e pancadaria, mas é confuso, é doloroso, é divisor. Um pro lado, outro para o outro, Deus e o diabo divididos por um capítulo final.  O bom e o mal, o traidor e o virtuoso. O certo e o errado.

Comentários

  1. Qualquer pessoa que tenha experimentado a sensação de vivenciar um relacionamento, sente um um suspiro crescente ao ler essa crônica. Pobre de nós que somos lobotomizados pelos ideais de amor eterno, incondicional e correspondido (ou não)...
    Seja lá qual for o cupido que nos fleche, sempre estamos sujeitos ao sofrimento, à dor, tanto quanto à euforia e ao prazer que o mesmo nos proporciona.
    O problema é que não somos orientados pra que o amor é de verdade: um ser abstrato muito semelhante a um ser biológico.
    Explico.
    Ele nasce, cresce, se desenvolve e padece.
    É desesperador pensar assim porque nos castra justamente de uma das poucas razões que nos dão para viver, que nos preenche a vida e no arranca da cama todos os dias... Amar. Digo nos dão porque estamos cercado desse apelo, dessa imposição social o tempo todo: filmes, novelas, músicas, a fofoquinha no intervalo do café.
    Enfim.
    Pra não me alongar mais, e finalizar meu pensamento (quase um textão), uma vez li em algum lugar "não é o amor que sustenta relacionamento e sim o relacionamento que sustenta o amor".
    Isso pode ajudar a conservar algo tão sublime até o fim da vida.

    ResponderExcluir
  2. Me faz pensar em como estamos sujeitos a uma infinidade de fins durante nossa vida e a importância de cada um pra nossa história, sobre no que eu transformei meu fim e como isso me modifica.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas