Por quê nos vemos tão trouxas?




Das experiências que a vida traz, nenhuma ensina mais que a decepção. Pode ver, não há vitória ou conquista, não há dias de saúde que sejam louvados como os  preocupantes de doença. Poucas são as lembranças boas, claro ,são intensas, são perfeitas, são dos dias que a gente lembra com uma nostalgia louvável, são daquelas que se equiparam às nossas piores lembranças. São as que não saem das nossas cabeças, que são aprendidas uma vez, mas são lembradas infinitas vezes.

Difícil não ter um caso pra contar. Chegue pra alguém e pergunte: Qual a sua maior decepção? Muitos vão lembrar de uma vez terem falhado em algo, de não ter dito, de não ter feito, de não ter ido. O “não” é como o fantasma que volta e meia nos assombra. É  o bicho papão que se transforma naquilo que só assusta a cada um, que transforma um momento bom em um ruim, que te leva de feliz a triste. Que esmaga os sonhos. É como quando a gente dorme, a decepção é como um bicho papão, ela te tira do “mundo dos sonhos” e te traz  pro “mundo real.”

Quem nunca sofreu por amor? Que a tire a primeira pedra.  Rejeição é algo difícil de superar, é como pensar que sempre tem alguém melhor que você, que você não está a altura, que você é só mais um. É uma tristeza se sentir comum, é por isso que a decepção vem. E isso ocorre sempre que dá. Felicidade parece ser um prêmio difícil de se conseguir, volta e meia a gente para e se compara “ mas poxa, tem tanta gente que tem isso tão fácil... NÃO É JUSTO”. Quem somos nós pra dizer o que é justo? Que poder nós temos de escrever nossa história? Com todo esse livre arbítrio ( que poucos sabem usar) menos ainda entendem o quão difícil é crescer. Mas o que é crescer? “Crescer” pra muita gente é deixar de ser trouxa. É estar tão acima do erro alheio que nada pode te atingir.  

 Mas não se engane, nesse eterno gira-gira da vida é notável ver que um dia um fica por cima e outro por baixo, ser trouxa é tão comum quanto verdadeiro. Talvez seja o momento que estamos mais vulneráveis, é quando a gente acredita que tudo vai dar certo de novo. É quando a gente se pega olhando o celular de minuto em minuto pra saber se a mensagem chegou. É não dormir à noite achando que a ligação vai vir. É esperar ansiosamente pelo encontro e ele “dar pra trás”. É ser trocada por outro em meio a festa. É esperar alguém que foi pra longe e não vai voltar.

Tem quem confunda, e experiências tristes todos tem pra contar. Tem muita gente que foi deixada, tem muitas mais que foram traídas, tem gente que pede só um pouquinho de atenção, que espera uma conversa amigável no fim do dia, tem gente que liga e quer um amigo, e não alguém que só faça sexo e vire pro lado, tem gente que precisa de algo mais que dinheiro, tem gente que precisa de saúde e tem aqueles que só precisam de uma segunda chance.


Pois uma coisa seja dita. Tem muita gente trouxa sim. Tem muita gente que ainda acredita no amor. Tem muita gente que perdoa. Tem muita gente que dá uma chance, duas , três... Tem muita gente que acredita na caridade, que ainda vê fé na união de um casal. Existe  muita gente trouxa sim, e todo dia a cota aumenta, é sinal que existe algo que vem se perdendo a muito tempo: compaixão. E isso não nos faz melhor que ninguém, mas diferente de muitos. Compaixão não diminui, é como a procura incessante de cada um, é o que devemos buscar, o crescimento, mas não o do egocentrismo, do achismo ou qualquer coisa do tipo, o crescimento maior é a capacidade de resiliência. Dizem que o que não te mata te faz mais forte, pois use desse pensamento pra crescer. Assim como as plantas precisam aguentar tempestades para ver as flores, nós precisamos suportar as tribulações para ver nosso crescimento. E Se pra isso acontecer você precisar ser “ trouxa” seja. Perdoe, ame, peça desculpa, tente uma, duas, três vezes. O mundo anda muito mecânico, falta doçura. Falta leveza...

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