UMA DÁDIVA: IMPERFEIÇÃO
“Quando era bem pequeno, alguém lhe disse que
era bom e o mundo era bom e que tudo seria bom. Aí a serpente lhe deu uma maçã
podre, mas você definiu que não pode aceitar algo ruim. Nem num suflê, nem numa
maçã e principalmente, numa pessoa.”
Essa é uma frase marcante do filme Pegando Fogo, estrelado pelo brilhante
Bradley Cooper. No filme em questão ele vive Adam, um Chef de cozinha que após
cometer erros do passado tenta extrair o máximo de si, e dos outros com quem
trabalha, buscando de forma o mais mecanicamente impossível, o ideal que muitas
pessoas procuram “perfeição”. Ora, seguindo nessa ideia de “o melhor no que faz”,
podemos ver exemplos como o de Adam, e outros que chamam a atenção como Nina,
interpretada por Natalie Portman em Cisne Negro. O que podemos notar é como o
comportamento humano em sua busca pelo seu ideal próprio por vezes pode se
tornar obsessivo, e acabar com toda a beleza de viver aquilo que se ama. Usados
por vezes como sinônimos , amor e paixão se confundem, e não são só na carreira
os exemplos ofertados, muitas vezes nós apresentamos diversos desses lapsos de
procura pela perfeição. Num exemplo mais cotidiano é bem verdadeira essa
metáfora do “ideal de perfeição”, nos
nossos relacionamentos ,por vezes de aparência ,ou nos nossos critérios de
seleção pessoal taxamos o que não nos agrada ,“feia”, “gorda”, “pobre”, e assim
vamos descartando as opções inviáveis, como análise curricular você realmente
seleciona o que te agrada, o que chega o mais próximo do ideal possível.
A verdade que move a turbina de movimento e
culmina com o ápice das relações humanas é única e exclusivamente traduzida em
uma palavra: completude. Procuramos alguém que nos complete de alguma forma,
que se sobreponha aos nossos defeitos, que seja tudo aquilo que nós queremos
ser, que sejam tudo aquilo que almejamos. Nossa busca pela perfeição é
constante ,é exigente. Será que estamos misturando fantasia com realidade, ou
apenas superestimando as pessoas que nos cercam?
A linha entre fantasia e realidade não é tão
distante assim, buscamos alguém que nos seja o mais interessante possível,
acalentados pelos nossos sonhos infantis ou até mesmo os ainda não vividos,
tentamos acelerar o processo da procura, e vamos nos tornando mais críticos a
cada nova oportunidade. O toque de surrealismo vai moldando o pensamento, e
sempre a desculpa do “não dá certo por isso ou aquilo” começa a desmotivar,
parece que não existe ninguém à altura. Bom, parece que o defeito não é nos outros no fim das contas, não é mesmo? Realidade você queria, realidade você
tem! Solidão bate à porta. Pra quem esperava companhia, agora essa se faz
presente.Aguenta ai!
Esquecemos as vezes que a completude se dá com
as diferenças, é algo com o qual aprendemos a conviver, é como ter um produto e
“entender” como ele funciona, dando uma batidinha aqui, ou ligando de um “jeitinho”
especial. Claro que a primeira vista é
todo perfeito, mas com o tempo a necessidade te faz aprender a conviver, mesmo
com cada defeitinho que ele apresenta. O entendimento de “ideal” é de que ele
não precisa ser perfeito pra todos, Se servir pra você tá de bom tamanho. Não
desista tão fácil, pra tudo existe um “jeitinho especial”.
Texto lindo
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