E É GRANDE?






Intimidade é uma coisa muito peculiar, não é mesmo? Duma hora pra outra a gente se vê do nada perguntando algo totalmente sem noção, é tipo, “ deu certo trocar a calcinha”, “ tu trocou a senha da netflix ?” “Tu já devolveste minha blusa que levou há um mês”?

De fato ninguém sabe dizer ao certo como se formam bem os vínculos familiares que unem amigos uns aos outros, num dia a gente pede só uma caneta emprestada, em outro a gente pede o cartão de crédito pra comprar uma besteira.

A gente chama pra beber e fala da nossa vida, a gente está num dia ruim e pega um qualquer pra falar de tudo, a gente precisa duma carona e o outro vai e se disponibiliza. É bem do básico mesmo que nós começamos, como uma planta que cresce e precisa da raiz, nossa semente é plantada de forma bem inocente, mas só germina se a gente cuidar dela.

Digo que é maravilhoso não combinar nada para uma sexta à noite e simplesmente discar, “ e aí, vamo sair hoje?” , escolhemos bem nossas companhias que estão sempre com um “sim” bem fácil na ponta da língua.  A gente diz que volta cedo só pra convencer, a gente diz que paga dessa vez só pra ser legal, a gente vê que companhia boa não tem preço e que conversa agradável dura até o amanhecer.

Digo que é sensação única criar um apelido carinhoso, é ir do princesa ao vagabunda sem criar um alarde, é comunicação visual em código de segundos, é ser um power ranger, ser uma menina superpoderosa, é ter um segredo só nosso e uma linguagem também.

Digo que é incrível brigar num dia e pedir desculpa no outro, ler o diário do outro e achar graça de tudo, ter um trocadinho à mais pra pegar o ônibus ou pra rachar um cachorro quente.
É um preço caro se mostrar como a gente realmente é, e nem todo mundo compra. Mas no fim, acaba sendo uma boa aquisição.

É nisso que dá a gente confiar nas pessoas, e com grande orgulho posso dizer; ainda bem que nem sempre isso dá errado!  Alguma vez a gente tinha que acertar.

Ter intimidade é dizer “ tô com fome” e a gente aparecer com uma pizza na porta, é a gente chegar do nada e ter onde dormir, é ter com que compartilhar os dias bons e com quem contar nos dias ruins. É Bom ter com quem contar, mesmo que não se vejam sempre, mesmo que seja um “oi, tô com saudade”.

Mas é disso que a gente gosta. É de ir e voltar.
De ir e voltar.
De ir e voltar.

É uma coisa, boa, uma coisa única, é um abraço na estação, uma sede saciada depois de tempos sem beber, uma respirada boa depois de segurar o ar embaixo da água, é isso tudo e mais um pouco. Tudo aquilo que a gente tem, e quer manter.

Sabe que vai, mas que fica um pouquinho com a gente  

Nossa intimidade é boa, aliás, ela é maravilhosa. É marcar de sair na segunda, e desmarcar porque o “crush” chamou, nossa parceria aguenta o tranco de um dia especial, e nossa intimidade inestimável não resiste em perguntar  sem pudor nenhum dia seguinte “ e ai amiga, é grande?”

Deu uma risadinha... Já entendi tudo mana!

Intimidade que chama.

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