Um ensaio sobre a invasão da nossa privacidade




De todos os pedestais pertencentes aos pecados existentes nenhum foi criado ainda para a curiosidade, é engraçado como uma qualidade aparentemente tão virtuosa possa se tornar um vício, uma erva daninha. O curioso é aquele que vai atrás, que investiga, que descobre algo novo, é quem tem por esforço ( ou talento) olhar pelo ângulo que ninguém mais vê, e descobrir o que não se nota pelo descuido.

Nos tornamos os melhores Sherlocks e Poirots na medida da nossa vontade, uma verdadeira obra prima da realidade, juntamos datas e colhemos depoimentos, seguimos nossos instintos e nossa experiência. A  gente só vai pra ter um alivio surpresa, a gente só vai pra saber que toda história era só coisa da nossa cabeça , era só uma auto sabotagem. Bom, no fundo a gente só quer uma coisa mesmo: estar errado.

Nem sempre a gente está...

Nossos segredos são a essência da nossa intimidade, são a marca da pessoalidade, o código genético que contém os traços de quem somos ( ou de quem fomos) é uma bagagem que não vem estampada e nem está disposta para todos, como um prêmio, só recebe quem for merecedor dela, ou muito curioso.

Adentrar num lugar que a gente não conhece é como tatear no escuro, estamos vendados tentando descobrir o que alguém esconde, nunca se sabe ao certo nossa motivação.

Se sentir ameaçado é  uma coisa normal, não falamos tudo até que estamos prontos, ou... que sejamos forçados , ficamos à mercê das pessoas curiosas , que são como crianças sedentas por doces, somos uma personificação de uma pinhata, que vai sendo bombardeada a cada novo golpe sem muita escolha de defesa, é uma palavra lançada, um flash da nossa intimidade que aparece, é uma violência que só dói na gente mesmo.

A invasão da nossa privacidade é como um golpe doloroso de um taco de golfe ,  é uma surra que a gente leva, um golpe, dois, três.. até que a gente revela nosso conteúdo.  

A questão é? Pra gente descobrir a verdade escondida, precisamos deixar o outros em pedaços?

O SABOR DA DESCOBERTA NEM SEMPRE É TÃO DOCE ASSIM!
Dizem que a curiosidade matou o gato, é uma besteira, a gente fala muito essa balela sem sentindo pra todo mundo que vai atrás daquilo que não lhe cabe, mas uma coisa é certa, a curiosidade mata o gato, mas faz pior, porquê nesse jogo, diferente dos gatos do já conhecido ditado, nós não temos sete vidas.


Comentários

  1. Nada melhor do que sentir o sabor da astúcia ao descobrir algo que achavam que continuariam escondendo de você, jogar na cara da pessoa sua autossuficiência.

    Parabéns pelo texto!

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