PECADO CAPITAL



De todas as pagas que nós damos nenhuma é mais cara do que aquelas que exigem dedicação, que levam tempo. Sentimento é tão precioso que fica no rol de não compráveis, uma espécie de secção reservada. Um pouco de carinho ou de amor não se pesa num potinho de balança no self-service , e sendo assim é uma aquisição bem cara, que nem o dinheiro mais bem juntado do mundo pode pagar.

Quanto vale um amor? É uma pergunta a se questionar, é uma reflexão pessoal. Quanto a gente paga pra ser feliz? Amor é um adereço próprio, quem tem, pouco estampa no corpo que o possui, não tem status de jóia, mas de peça íntima. Amor, nem todo mundo vê, nem sabe se você tem, não tem um valor exorbitante, é mais sentimental, não é que se queira mostrar, mas dando uma abaixadinha é impossível não notar. Essa abaixadinha é aquele riso frouxo, é aquele olhar bobo, é o pensamento perdido preocupado com outro, é aquela impaciência do “ele não ligou quando chegou em casa”. Não adianta esconder, quando a gente abaixa ( a guarda) todo mundo nota.

O que o dinheiro tem a ver com isso? Tudo! Colocamos valor em tudo, o que não se pode medir é mediado, tudo tem  número, tudo é contado. São 6 meses de namoro, é tantos reais o valor do presente de natal, é quantidade x que posso gastar hoje, é tantos quilômetros da minha casa pra sua, são X anos nossa diferença de idade. Quem se preocupa com os interesses? Ninguém se preocupa, porque nós mesmo não fazemos questão de contar, guardamos nossos sentimentos com uma preciosidade singular, como se fosse algo que pudesse ser tirado de nós. Vivemos  à sombra da inveja que sempre ronda nossos melhores sentimentos : “ O que ninguém sabe, ninguém estraga”.

Tem razão autor desconhecido, no fim não são eles, somos nós mesmos que estragamos. Somos nós que não damos a devida atenção, somos nós que não nos atemos aos detalhes, somos nós que deixamos nossos vícios egoístas tomar conta do que era pra ser “nosso”, somos nós mesmos nossos próprios monstros, nós que fazemos mal ao outro, mesmo sem querer, mesmo pedindo desculpa, mesmo não mudando, mesmo prometendo...

Amor é caro, como uma peça bem feita, como uma grife específica,  as vezes não serve muito bem em algumas pessoas, outras sabem aproveitar melhor. Num sapato pequeno não há calcanhar ou dedo cortado que faça servir, no fim das “contas”  não há felizes para sempre.


 Amor tem um gostinho especial, tem valor sentimental, como todas as coisas com muito valor, e assim como elas a gente passa meses pra conquistar, vai um mês, dois, três, vai juntando, vai cedendo, pechinchando, é uma barganha sentimental, é uma conversa amistosa, é quando você bate o olho e diz, essa foi feita pra mim. É difícil querer e não poder, tentar e não conseguir, a realidade  é a seguinte; um 38 não veste um 40, tem que fechar a boca, tem que  pensar mais,  no fim,  o macete é só um : fazer um esforço.

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