Toda despedida é dor



“De repente do riso fez-se o pranto.”

Assim começa um dos sonetos mais belos de Vinicius de Moraes. É triste sim, mas há de se admitir que há uma certa beleza na tristeza.

O Amor impossível é o aditivo de Romeu e Julieta, é o que acalenta os corações insensatos , é o que anseia pelo final feliz, o de ficar junto nessa vida ou... na próxima. Na nossa cabeça boba sempre há uma “próxima”, sempre há um recomeço, sempre há um amor para curar um outro. O clichê é o remédio dos esperançosos, mas, nos mais simples clichês encontram-se as mais verdadeiras respostas. A frase de efeito doma os nossos sentimentos de mágoa, doma, mas às vezes leva uma mordidinha Todo treinador por mais bom que seja sabe o risco que corre. A  mordida é dolorosa vem travestida das mais diversas formas. Dói até o ponto que está pronta para cicatrizar.

Shakespeare é um gênio, e vai estar bem presente nesse texto, ele conhece a angústia dos apaixonados, ele sabe o destino trágico dado á solidão, aos romances que não conheceram o felizes para sempre. É o mesmo que diz que qualquer um pode dominar uma dor, exceto quem a sente.

Às vezes dói muito, mas torna um alívio depois, é o mertiolate com um sopro, é um ponto sem anestesia, é um band-aid tirado no “3” ! Não vemos a solidão como boa companhia até que ela é a única que pode nos entender, é a que traz o silêncio, é o que provoca nossa cabeça inquieta, que grita consigo em busca de qualquer resposta que seja.

Não muda o fato de ainda estarmos sozinhos. Não muda o fato dos dias ficarem mais longos. Aliás, muda sim. No fim muda tudo. Mudou os dias antes alegres,  as desculpas depois das brigas bobas, mudou as despedidas que imploravam pelo próximo encontro. Mudou. Deixou mudo. Emudeceu.

Chega de bom dia, chega de falar da rotina, chega de presente surpresa. Chegou ao fim. Acabou.
Não é de repente como falou Vinicius, mas é igualmente doloroso como disse Shakespeare. “ Toda despedida é dor”.  E pra falar a verdade, não é nada doce.

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